Mordaça
Dei um passo no infinito
E achei infinito o meu passo
Olhei estranho onde passo
Onde fico
Me achei forte de aço.
O infinito me deu um passe
E sem medo parti pro outro lado
A mordaça caiu, gritei
E um menino nasceu do meu lábio.
Ele me disse uma palavra feia
-- reclamei.
Ele respondeu que feio é achar palavra feia,
Feio é receber seringa na veia
E dizerem que é bom que é pro bem.
O menino infinito passou por mim mas foi embora.
Um braço o pegou, ele sumiu.
O passo sumiu.
O buraco se abriu.
O remédio engoliu:
O menino, o infinito, o grito e o passo.
Mas em vez de chorar achei graça e por isso
Me puseram de novo a mordaça.
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