quarta-feira, 20 de abril de 2011

impunemente

O dia amanheceu impunemente, mas o vento sabia.
No mercado os indices suicidas se jogam das tabelas
enquanto o presidente encosta a arma na boca, mas não decide...
convoquem todas as tropas: está solto meu id.

Não sei por onde escapou, por quais
alçapoes, paredes falsas,
trilhas na mata, por qual vereda deserta, em qual quilombo,
por qual labirinto, por qual janela, em qual jaganda,
pelos olhos de quem... pelo corpo de qual amada?

Estava ali, triste e preso como sempre...
ainda ontem lhe neguei um beijo,
ainda ontem lhe pedi que esperasse,
ainda ontem lhe disse que não era a hora...

Estava inquieto, é verdade... pressentia.
para acalmá-lo li os horarios dos vôos
marquei reuniões, espliquei a importancia do trabalho,
pedi que medisse seu desejo pelo tamamho do salário.

Meu id está solto...
não levou relógio, esqueceu a agenda,
não levou roupa, não pagou as contas,
esqueceu de dormir e de comer...

No conselho de segurança o
medo brota...
F18 hornets entram em vôo cego.
Sete estados mobilizam suas frotas
em auxilio ao meu pobre superego.

O pentagono e o papa vacilam
entre a bomba e a culpa
e nas fabricas paradas, os operários que tudo faziam
decidem produzir orgasmos  no lugar
de mais- valia.

Mauro Luis Iasi. In_ META AMOR FASES: coletânia de poemas. São Paulo. Expressão popular. 2008. p.119-120

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