tenho uma ferida comigo
em carne viva
cuidada com carinho
pra nao cicatrizar.
Tenho uma ferida em mim
que rasgo de dia
para à noite poder
te chamar pra cuidar.
Sou uma ferida aberta
que num pulo abre
que nunca sabe
o remedio pra sarar.
Sou uma ferida inquieta
que quando crio casca
me abro, me arranho
me rasgo num banho
me entrego num olhar.
Sou uma ferida e o sangue
que escorre da veia
que gruda feito teia
pra nao mais largar
Sou uma ferida que queima
que em brasa serpenteia
riscando a lua cheia
temendo em inteiro me entregar.
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