Filho da puta!
gritaram ao menino que não sabia a origem de seu pão.
os filhos dos homens, que na noite somem
não sabem a verdade que dizem de seu irmão.
sua mãe alegre
trabalha de lua a lua para negar-lhe o não
tanto trabalho: representar o amor roubado
o amor mastigado,
o amor mal pago,
mal- dito, mal quisto;
mal filho,
mal-filha.
Ruaaa!!!!!
E para a rua foi não mais voltou
com o filho no colo do utero
no colo do peito
no colo do meio...
e do seio das pernas
aprendeu a tirar pão
e do seio dos braços
aprendeu a dar calor
e do seio do ventre
a alugar o amor
que teve e não teve e que busca
o brilho do riso que ofusca
a eternidade em migalhas
des-pedaçada,
mais uma noite entrega-se ao dia que penetra
e os pais do menino irmão vão para casa
a mãe faz o café com pão suado
beija o filho, diz: cuidado
e orgulha-se da sua profissão
no menino vê razão no oficio
e no riso, infantil vê amplidão
pensa no projeto de aborto abortado,
olha o sol penetrar na janela, maquiado
limpa o rosto e dorme
como a criança aluada que nunca deixou de ser.
é descobrir o que ainda não somos, é o desejo de trasbordar, é a espera do que não virá, é reconhecer nossa pequenês, é sabermos que somos apenas humanos
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Os três Mal-amados
Dos Três Mal-amados Palavras de Joaquim
Versão de Cordel Do Fogo Encantado ( CD palhaço do circo sem futuro)
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato
O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço
O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome
O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas
O amor comeu metros e metros de gravatas
O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus
O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos
O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
Os Três Mal-Amados
João Cabral de Melo Neto
Joaquim:
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
As falas do personagem Joaquim foram extraídas da poesia "Os Três Mal-Amados", constante do livro "João Cabral de Melo Neto - Obras Completas", Editora Nova Aguilar S.A. - Rio de Janeiro, 1994, pág.59.
O Quereres
Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão
Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói
Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e é de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock?n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus
O quereres e o estares sempre a fim
Do que em ti é em mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente impessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há, e do que não há em mim
(Caetano Veloso)
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão
Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói
Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e é de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock?n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus
O quereres e o estares sempre a fim
Do que em ti é em mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente impessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há, e do que não há em mim
(Caetano Veloso)
sábado, 4 de junho de 2011
Los Nadies
Sueñan las pulgas con comprarse un perro y sueñan los nadies con salir de pobres, que algún mágico día llueva de pronto la buena suerte, que llueva a cántaros la buena suerte; pero la buena suerte no llueve ayer, ni hoy, ni mañana, ni nunca, ni en lloviznita cae del cielo la buena suerte, por mucho que los nadies la llamen y aunque les pique la mano izquierda, o se levanten con el pie derecho, o empiecen el año cambiando de escoba.
Los nadies: los hijos de nadie, los dueños de nada.
Los nadies: los ningunos, los ninguneados, corriendo la liebre, muriendo la vida, jodidos, rejodidos:
Que no son, aunque sean.
Que no hablan idiomas, sino dialectos.
Que no profesan religiones, sino supersticiones.
Que no hacen arte, sino artesanía.
Que no practican cultura, sino folklore.
Que no son seres humanos, sino recursos humanos.
Que no tienen cara, sino brazos.
Que no tienen nombre, sino número.
Que no figuran en la historia universal, sino en la crónica roja de la prensa local.
Los nadies, que cuestan menos que la bala que los mata.
Eduado GAleano, El Libro de los abrazos.Siglo XXI editores p. 52
Los nadies: los hijos de nadie, los dueños de nada.
Los nadies: los ningunos, los ninguneados, corriendo la liebre, muriendo la vida, jodidos, rejodidos:
Que no son, aunque sean.
Que no hablan idiomas, sino dialectos.
Que no profesan religiones, sino supersticiones.
Que no hacen arte, sino artesanía.
Que no practican cultura, sino folklore.
Que no son seres humanos, sino recursos humanos.
Que no tienen cara, sino brazos.
Que no tienen nombre, sino número.
Que no figuran en la historia universal, sino en la crónica roja de la prensa local.
Los nadies, que cuestan menos que la bala que los mata.
Eduado GAleano, El Libro de los abrazos.Siglo XXI editores p. 52
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Aula de Vôo
O conhecimento
caminha lento feito lagarta.
Primeiro não sabe que sabe
e voraz contenta-se com cotidiano orvalho
deixado nas folhas vividas das manhãs.
Depois pensa que sabe
e se fecha em si mesmo:
faz muralhas,
cava Trincheiras,
ergue barricadas.
Defendendo o que pensa saber
levanta certeza na forma de muro,
orgulha-se de seu casulo.
Até que maduro
explode em vôos
rindo do tempo que imagina saber
ou guardava preso o que sabia.
Voa alto sua ousadia
reconhecendo o suor dos séculos
no orvalho de cada dia.
Mas o vôo mais belo
descobre um dia não ser eterno.
É tempo de acasalar:
voltar à terra com seus ovos
à espera de novas e prosaicas lagartas.
O conhecimento é assim:
ri de si mesmo
E de suas certezas.
É meta de forma
metamorfose
movimento
fluir do tempo
que tanto cria como arrasa
a nos mostrar que para o vôo
é preciso tanto o casulo
como a asa
Metamorfose de mãe
para Hebe de Bonfanini e as Madres de la Plaza de Mayo
Por Mauro Luis Iasi
Quando ele nasceu
ela só queria ser mãe.
Quando ele deu seu primeiro passo
ela só queria ampará-lo.
Quando ele falou
ela só queria escutá-lo.
Quando ele cresceu
abriu-se nela um abismo.
Quando ele se tornou comunista
ela só queria persuadi-lo.
Quando a ditadura o levou
ela só queria morrer.
Quando ele desapareceu
ela só queria encontrá-lo.
Quando a noite engoliu seu corpo
ela só queria reinventar o dia
e acreditar que tudo era mentira.
Passou a gritar as luzes
nos necrotérios e nos quartéis
nos tribunais e repartições
nos comitês e nas reuniões
nas praças e nas ruas.
E quando comia o pão da amargura
e bebia o vinho da ausência,
enquanto aprendia a dura pedagogia
da militar prepotência,
nem percebeu a metamorfose
que acontece naqueles que buscando os outros
encontram a si mesmos:
Hoje ela não quer mais
nem a bandeira da tristeza
nem a impossibilidade da alegria,
ela agora só quer
aquilo que seu filho queria.
Mauro Luis Iasi. In_ META AMOR FASES: coletânia de poemas. São Paulo. Expressão popular. 2008. p.176-177
impunemente
O dia amanheceu impunemente, mas o vento sabia.
No mercado os indices suicidas se jogam das tabelas
enquanto o presidente encosta a arma na boca, mas não decide...
convoquem todas as tropas: está solto meu id.
Não sei por onde escapou, por quais
alçapoes, paredes falsas,
trilhas na mata, por qual vereda deserta, em qual quilombo,
por qual labirinto, por qual janela, em qual jaganda,
pelos olhos de quem... pelo corpo de qual amada?
Estava ali, triste e preso como sempre...
ainda ontem lhe neguei um beijo,
ainda ontem lhe pedi que esperasse,
ainda ontem lhe disse que não era a hora...
Estava inquieto, é verdade... pressentia.
para acalmá-lo li os horarios dos vôos
marquei reuniões, espliquei a importancia do trabalho,
pedi que medisse seu desejo pelo tamamho do salário.
Meu id está solto...
não levou relógio, esqueceu a agenda,
não levou roupa, não pagou as contas,
esqueceu de dormir e de comer...
No conselho de segurança o
medo brota...
F18 hornets entram em vôo cego.
Sete estados mobilizam suas frotas
em auxilio ao meu pobre superego.
O pentagono e o papa vacilam
entre a bomba e a culpa
e nas fabricas paradas, os operários que tudo faziam
decidem produzir orgasmos no lugar
de mais- valia.
Mauro Luis Iasi. In_ META AMOR FASES: coletânia de poemas. São Paulo. Expressão popular. 2008. p.119-120
No mercado os indices suicidas se jogam das tabelas
enquanto o presidente encosta a arma na boca, mas não decide...
convoquem todas as tropas: está solto meu id.
Não sei por onde escapou, por quais
alçapoes, paredes falsas,
trilhas na mata, por qual vereda deserta, em qual quilombo,
por qual labirinto, por qual janela, em qual jaganda,
pelos olhos de quem... pelo corpo de qual amada?
Estava ali, triste e preso como sempre...
ainda ontem lhe neguei um beijo,
ainda ontem lhe pedi que esperasse,
ainda ontem lhe disse que não era a hora...
Estava inquieto, é verdade... pressentia.
para acalmá-lo li os horarios dos vôos
marquei reuniões, espliquei a importancia do trabalho,
pedi que medisse seu desejo pelo tamamho do salário.
Meu id está solto...
não levou relógio, esqueceu a agenda,
não levou roupa, não pagou as contas,
esqueceu de dormir e de comer...
No conselho de segurança o
medo brota...
F18 hornets entram em vôo cego.
Sete estados mobilizam suas frotas
em auxilio ao meu pobre superego.
O pentagono e o papa vacilam
entre a bomba e a culpa
e nas fabricas paradas, os operários que tudo faziam
decidem produzir orgasmos no lugar
de mais- valia.
Mauro Luis Iasi. In_ META AMOR FASES: coletânia de poemas. São Paulo. Expressão popular. 2008. p.119-120
terça-feira, 8 de março de 2011
Um menino com algodão no nariz.
Riscado com sangue
O asfalto queima no coração aflito daquela mulher.
Judas! Judas! Judas! ...
Ela insiste em nomear
O que não faz sentido.
Fica o quadro na estante
O amargo nos olhos, não na língua
E esta queima.
A noticia queima,
a policia queima,
A palavra racha
O sonho racha
A história acha
O sentido do que está longe
Mas não faz sentido ver de perto
Esse menino esperto
Dando tudo tão certo,
Com algodão no nariz.
Ouço o grito da atriz
Que encena sem desejo
Que na cena quer ensaio,
Que deseja com um beijo
Retirar deste balaio
O menino diminuto
Que num minuto levou embora
22 anos de cuidado
A atriz ainda não sabe
Mas representa
Outras mil que como ela
Veem sua arte queimar no asfalto.
Não ! não foi o auto-móvel, que o levou.
Não foi o transito que o pegou.
Foi uma bala tirana
Que armada de ódio, medo,
Posse e gana
Trouxe para a atriz que não sabe que representa
Um menino com algodão no nariz.
segunda-feira, 7 de março de 2011
Carpe Diem
..., de uns tempos pra cá
ando querendo mais
eu que tanto entreguei
barato, de graça
insisti em ter asas
mesmo sem saber voar.
hoje quero que doem,
nao que me doam
nao quero o riso
quero a gargalhada
só hoje,
hoje só,
vejo que as marcas
que deixei que fizessem em mim
nao sao riscos
nem feridas
sao cortes
cicatrizes que latejam cada vez mais forte.
hoje só quero o colo tranquilo
e o silencio que me cala
quero o caminho que sigo
sem combrança e sem amarra
quero gerir o meu abrigo
cuidar melhor de minha saga.
ando querendo mais
eu que tanto entreguei
barato, de graça
insisti em ter asas
mesmo sem saber voar.
hoje quero que doem,
nao que me doam
nao quero o riso
quero a gargalhada
só hoje,
hoje só,
vejo que as marcas
que deixei que fizessem em mim
nao sao riscos
nem feridas
sao cortes
cicatrizes que latejam cada vez mais forte.
hoje só quero o colo tranquilo
e o silencio que me cala
quero o caminho que sigo
sem combrança e sem amarra
quero gerir o meu abrigo
cuidar melhor de minha saga.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Mordaça
Mordaça
Dei um passo no infinito
E achei infinito o meu passo
Olhei estranho onde passo
Onde fico
Me achei forte de aço.
O infinito me deu um passe
E sem medo parti pro outro lado
A mordaça caiu, gritei
E um menino nasceu do meu lábio.
Ele me disse uma palavra feia
-- reclamei.
Ele respondeu que feio é achar palavra feia,
Feio é receber seringa na veia
E dizerem que é bom que é pro bem.
O menino infinito passou por mim mas foi embora.
Um braço o pegou, ele sumiu.
O passo sumiu.
O buraco se abriu.
O remédio engoliu:
O menino, o infinito, o grito e o passo.
Mas em vez de chorar achei graça e por isso
Me puseram de novo a mordaça.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
...
O vento passa,...
passa mesmo! escuto seus passos
um murmurio
um desejo
e o silêncio.
As ciranças brincam
os adultos brigam
e eu só ouço o murmúrio.
Um grito
uma lagrima
só uma
forçada e sem sentido,
as almas dos faráos certamente ainda vagam pelas pirâmides
e a minha onde estará?
será que inda existe?
Um múrmurio
um riso
só um
forçado e sem sentido
as almas das bruxas certamente ainda queimam nas estrelas
A quanto tempo não sinto calor?
será que já senti mesmo?
Um múrmurio
Um silêncio
inevitável e cheio de sentidos
As gotas caem compassadamente
mas não se chamam lágrima
os dentes rangem fortemente
e não se chamam riso.
Um múrmurio
e o vasio
dentro e fora de mim
passa mesmo! escuto seus passos
um murmurio
um desejo
e o silêncio.
As ciranças brincam
os adultos brigam
e eu só ouço o murmúrio.
Um grito
uma lagrima
só uma
forçada e sem sentido,
as almas dos faráos certamente ainda vagam pelas pirâmides
e a minha onde estará?
será que inda existe?
Um múrmurio
um riso
só um
forçado e sem sentido
as almas das bruxas certamente ainda queimam nas estrelas
A quanto tempo não sinto calor?
será que já senti mesmo?
Um múrmurio
Um silêncio
inevitável e cheio de sentidos
As gotas caem compassadamente
mas não se chamam lágrima
os dentes rangem fortemente
e não se chamam riso.
Um múrmurio
e o vasio
dentro e fora de mim
sábado, 8 de janeiro de 2011
Viçosa
Seriam pêlos ou novelos
estes cabelos a me amarrar?
Seriam erros ou acertos
estes desejos a me embaraçar?
é o objeto ou o movimento
que me motiva?
ativa, passiva, parceira
faceira, viçosa...
teu liquido escorre em nossa pele.
eu bebo até o fim
de mi nao tens nenhuma parte
nenhuma!
tens o todo, o tudo
o oco, o mudo
tens o sim!
maio de 2010, manhã de sol, embaixo das arvores
estes cabelos a me amarrar?
Seriam erros ou acertos
estes desejos a me embaraçar?
é o objeto ou o movimento
que me motiva?
ativa, passiva, parceira
faceira, viçosa...
teu liquido escorre em nossa pele.
eu bebo até o fim
de mi nao tens nenhuma parte
nenhuma!
tens o todo, o tudo
o oco, o mudo
tens o sim!
maio de 2010, manhã de sol, embaixo das arvores
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
O melhor dia da minha vida
Hoje bem cedo eu disse a mim mesmo: é hoje, tem de ser hoje, de hoje não passa! Este é o grande dia ela há de me querer, já disse tantas vezes que me amava,que sou sua razão de viver.
Ela já se sentia preparada, estava planejando tudo para aquele dia; não vendo a hora dele acontecer. Ao acordar ela sentiu a mesma sensação que eu; ágil e eficiente aprontara tudo, deixando para mim apenas a angustia de esperar. Á tarde ao encontrar a amiga que sinceramente já estava cheia de falar de mim; ela falou de como se sentia em relação a mim, do desejo incessante de mim ver e finalmente tornar-se uma mulher de verdade, assim como eu serei um homem de verdade , deixando de ser isso. Agora sei que, sinto, amo, vivo, não plenamente, não até agora, mas como já disse de hoje não passa.
O tempo passava á medida que se aumentava a ansiedade. Finalmente consumaria o desejo dos últimos meses. A noite caíra. Meu corpo parecia sentir que a hora se aproximava. Ela banhara-se e perfumara-se minha espera. O seu corpo parecia pedir para que eu finalmente estivesse em seus braços.
Era chegada a hora, nós começamos a transpirar pelo esforço exercido, embora sabíamos que seria assim ,complicado, o prazer final valeria qualquer coisa . Ela já molhada de suor, seu corpo cálido parecia implorar pelo fim daquele misto de tortura e prazer. O ritmo como qual o seu ventre dilatava-se e contraria-se aumentava, ela começou a gemer de dor respirando rapidamente; suas pernas envergadas estavam meio bambas pelo cansaço; enquanto balbuciava sons inaudíveis. Era a sua primeira vez, assim ela começou a sangrar, eu fiquei meio preocupado com aquilo , pensei que este tipo de coisa era normal em momentos lindos como aquele . Estávamos no clímax, uma ultima gota de suor pingou do seu queixo no lençol que agora já não era branco, finalmente senti um arrepio dos pés a cabeça e suspirei fundo, me dei conta que eu era gente de verdade , sai de dentro dela. Ela ainda dolorida, afinal aquilo era muitas vezes difícil para qualquer uma imagine a ela , a sua primeira vez.
Depois daqueles segundos unidos, prestes á indesejada separação, senti-me forte mesmo sabendo que era fraco, e mesmo com toda a, acho que masculinidade que deveria expressar, não sei explicar o por quê; mas este tufão de sensações novas, esse novo ar , soberano sobre mim fez as lagrimas caírem, chorei ! Confesso, calei-me apenas quando estive nos braços dela, não sei explicar porque ,mas isso parecia me dar segurança. Ela me abraçou e me beijou longamente me fazendo chupar incessantemente, foi ótimo me senti saciado.
Ela me abraçou de novo e me beijou mais uma vez, olhou-me nos meus olhos e disse que me amava. então pensei:
_Também te amo, afinal o que seria de mim de mim sem você mamãe.
segundo semestre de 2005. na saudosa escola estadual.
segundo semestre de 2005. na saudosa escola estadual.
Palavras
Escrevi teu nome
Repetidas vezes
Na areia, no vento
No espaço, no tempo
Como se em cada letra
me inscrevesse em você
enquanto te escrevo no papel
Dei pra escrever poesia
essas já não tinham teu nome
a escrita do nome
era cotidiana.
Demarcação diária
de teus territorios em meus desertos
des-habita-dos
a poesia era eventual
vinha quando queria.
Não era mais letras
que eu queria escrever
com as palavras.
Eu queria arrepios,
mordidas, toques,
frios.
feridas, cortes
queria para a minha alma
casa, carinho. queria...
fortes.
queria proteção
permanêcia
sensação de transcendencia
eu que sempre fui aéreo
queria o chão.
Insistia em plantar
palavras no papel
teu nome
em codígos.
Senhas
pretegeriam-me do esquecimento?
Palavras plantadas
criaram raizes
abriram meu peito
e hoje doem.
Preciso agora de uma palavra
borracha, enxada
lixa, facão
bucha, escova
sabão,
palavra que tire , ... que limpe
o meu coração
disso que sinto
e que não sei
que nome tem.
24 de agosto de 2010. muita tristeza pra poucas palavras, em algum lugar fora de mim.
Repetidas vezes
Na areia, no vento
No espaço, no tempo
Como se em cada letra
me inscrevesse em você
enquanto te escrevo no papel
Dei pra escrever poesia
essas já não tinham teu nome
a escrita do nome
era cotidiana.
Demarcação diária
de teus territorios em meus desertos
des-habita-dos
a poesia era eventual
vinha quando queria.
Não era mais letras
que eu queria escrever
com as palavras.
Eu queria arrepios,
mordidas, toques,
frios.
feridas, cortes
queria para a minha alma
casa, carinho. queria...
fortes.
queria proteção
permanêcia
sensação de transcendencia
eu que sempre fui aéreo
queria o chão.
Insistia em plantar
palavras no papel
teu nome
em codígos.
Senhas
pretegeriam-me do esquecimento?
Palavras plantadas
criaram raizes
abriram meu peito
e hoje doem.
Preciso agora de uma palavra
borracha, enxada
lixa, facão
bucha, escova
sabão,
palavra que tire , ... que limpe
o meu coração
disso que sinto
e que não sei
que nome tem.
24 de agosto de 2010. muita tristeza pra poucas palavras, em algum lugar fora de mim.
Mangue
Meu amor anda tão serio
que só sabe ser em gargalhadas
as vezes costura as ruas feito um ébrio
Por não saber ao certo aonde levam as estradas.
As vezes senta numa pedra e ri de si
não entende-se - como pôde ele ter nascido
de duas almas estilhaçadas?
como pode ser feito de pedaços colados com sangue...
e com esmero
de ser ele como o mangue
misturado em varios elos.
Derrepente levanta e decide ir por outro caminho
mais uma vez optou pela mata mal trilhada
e segue a gargalhadas.
que só sabe ser em gargalhadas
as vezes costura as ruas feito um ébrio
Por não saber ao certo aonde levam as estradas.
As vezes senta numa pedra e ri de si
não entende-se - como pôde ele ter nascido
de duas almas estilhaçadas?
como pode ser feito de pedaços colados com sangue...
e com esmero
de ser ele como o mangue
misturado em varios elos.
Derrepente levanta e decide ir por outro caminho
mais uma vez optou pela mata mal trilhada
e segue a gargalhadas.
Ar(r)anhas
Tanto te peço um verso
um só, aquele que me sorve
aquele que me deixa reverso,
um verso só já resorve.
Daquele que beija por dentro,
aquele que alumia as entranhas,
que me arrepie bem, feito vento
causando umas ideias estranhas.
Que me amarre nas teias do tempo,
bem trançado feito redes de ar(r)anhas
Dando nó a nó tocando bem lento
punindo por cada beijo que ganhas.
um só, aquele que me sorve
aquele que me deixa reverso,
um verso só já resorve.
Daquele que beija por dentro,
aquele que alumia as entranhas,
que me arrepie bem, feito vento
causando umas ideias estranhas.
Que me amarre nas teias do tempo,
bem trançado feito redes de ar(r)anhas
Dando nó a nó tocando bem lento
punindo por cada beijo que ganhas.
Viver
Cortado com foice
marcado foi-se.
É o passado a me tomar pelas mãos
e me arremessar.
Os cacos espalhados pelo chão
ainda vivo
parido em pedaços
um zunido
um rito
um grito
e aqui estou
presente.
Tao presente como quem virá
tão intenso como quem foi-se
cortando a carne
a própria carne.
num esta(r)lo infinito.
marcado foi-se.
É o passado a me tomar pelas mãos
e me arremessar.
Os cacos espalhados pelo chão
ainda vivo
parido em pedaços
um zunido
um rito
um grito
e aqui estou
presente.
Tao presente como quem virá
tão intenso como quem foi-se
cortando a carne
a própria carne.
num esta(r)lo infinito.
Ferida
tenho uma ferida comigo
em carne viva
cuidada com carinho
pra nao cicatrizar.
Tenho uma ferida em mim
que rasgo de dia
para à noite poder
te chamar pra cuidar.
Sou uma ferida aberta
que num pulo abre
que nunca sabe
o remedio pra sarar.
Sou uma ferida inquieta
que quando crio casca
me abro, me arranho
me rasgo num banho
me entrego num olhar.
Sou uma ferida e o sangue
que escorre da veia
que gruda feito teia
pra nao mais largar
Sou uma ferida que queima
que em brasa serpenteia
riscando a lua cheia
temendo em inteiro me entregar.
em carne viva
cuidada com carinho
pra nao cicatrizar.
Tenho uma ferida em mim
que rasgo de dia
para à noite poder
te chamar pra cuidar.
Sou uma ferida aberta
que num pulo abre
que nunca sabe
o remedio pra sarar.
Sou uma ferida inquieta
que quando crio casca
me abro, me arranho
me rasgo num banho
me entrego num olhar.
Sou uma ferida e o sangue
que escorre da veia
que gruda feito teia
pra nao mais largar
Sou uma ferida que queima
que em brasa serpenteia
riscando a lua cheia
temendo em inteiro me entregar.
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Aço
Meu amor é um parto parindo aos pedaços.
Meu amor eu não paro, partindo pedaços;
São aços cortados com papel ofício
São laços amarrando pedaços de um ser que nao cabe em si,
nem em mim, e que cresce...
Pare! eu grito enlouqecidamente
mas ele continua nascendo, crescendo e brotando
exigindo de mim que eu o para...
o ponha pra fora, pois ele nao cabe mais em mim.
Mas ele é tao enorme que este parto acontece partido.
e eu que nem queria tomar partido
nem sei que historia é essa de politica com amor.
As coisas fluem, veja o verso anterior,
saem de mim, partem de mim
e por mais que eu queira eu nao as paro.
- não consigo para-las, só pari-las!
Só pari-las, consigo,
e só o faço parando, cortando,
deixando aos pedaços.
Depois enlaço, minha cria de aço
tentando lhe dar forma,
mas ela é dura, é de aço
não se deixa moldar.
O máximo que consigoé amar
minha cria
nossa cria de aço
e que agora me embaraço
ao chama-la de amor.
outubro de 2009, parado em algum lugar do planeta, viajando no tempo.
Meu amor eu não paro, partindo pedaços;
São aços cortados com papel ofício
São laços amarrando pedaços de um ser que nao cabe em si,
nem em mim, e que cresce...
Pare! eu grito enlouqecidamente
mas ele continua nascendo, crescendo e brotando
exigindo de mim que eu o para...
o ponha pra fora, pois ele nao cabe mais em mim.
Mas ele é tao enorme que este parto acontece partido.
e eu que nem queria tomar partido
nem sei que historia é essa de politica com amor.
As coisas fluem, veja o verso anterior,
saem de mim, partem de mim
e por mais que eu queira eu nao as paro.
- não consigo para-las, só pari-las!
Só pari-las, consigo,
e só o faço parando, cortando,
deixando aos pedaços.
Depois enlaço, minha cria de aço
tentando lhe dar forma,
mas ela é dura, é de aço
não se deixa moldar.
O máximo que consigoé amar
minha cria
nossa cria de aço
e que agora me embaraço
ao chama-la de amor.
outubro de 2009, parado em algum lugar do planeta, viajando no tempo.
Meu Amor é lua
Meu Amor é lua
não sol ele é lua
não ofusca ele brilha
de um brilho que abraça
aquece só um pouquinho permitindo que o frio do
vento faça a sua parte.
Tem seus ciclos
as vezes quase some na noite escura
outros sentimentos começam a brilhar, uns mais
outros nem tanto
uns mais maus, outros nem tao bons
até que ele retorna
tímido, crescendo a cada dia
abrindo seu largo sorriso
até tornar-se completa,
fazendo do meu céu seu palco.
Mas mesmo em sua gloria
ainda permite que outros sentimentos
mostrem-se em sua pequenês.
Meu amor é lua, as vezes
brilha tao intensamente que
penso que é sol
mas logo percebo que ele é lua
pois ele é de dia de vez em quando
mas é a noite que majestoso
se apossa de mim.
Agosto de 2009, noite quente, assisti(n)do a luz de um poste
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